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Município de Alfândega da Fé apresenta obra sobre a vida do Arcebispo D. José Joaquim de Azevedo e Moura

22 Jun '21

Livro “D. José Joaquim de Azevedo e Moura – Alfandeguense e Arcebispo de Braga” da autoria de Francisco José Lopes vai ser apresentado no dia 29 de junho, às 18h00, na Igreja Matriz de Alfândega da Fé

O dia de S. Pedro, orago da freguesia de Alfândega da Fé, foi a data escolhida para a apresentação do livro sobre a vida e o percurso eclesiástico de D. José Joaquim de Azevedo e Moura, uma importante figura clerical do seu tempo, que nasceu em Alfândega da Fé em 1794 e teve um notável trajeto pessoal e profissional.

O livro “D. José Joaquim de Azevedo e Moura – Alfandeguense e Arcebispo de Braga “ que agora se publica, é da autoria de Francisco José Lopes e da iniciativa da Câmara Municipal de Alfândega da Fé, que desta forma dá continuidade à política de promoção da história do concelho e de aprofundamento de conhecimentos sobre este Arcebispo. No ano de 1900, Alfândega da Fé reconhecia a importância do percurso eclesiástico de D. José de Azevedo e Moura, com a decisão da Câmara Municipal de atribuir ao antigo Adro da Igreja a designação de Largo D. José de Azevedo e Moura, topónimo que ainda hoje se mantém. Atualmente a autarquia está também a reconverter a Casa do Arcebispo num Museu Municipal de Arte, conferindo especial destaque à casa que pertenceu à família de D. José de Azevedo e Moura.

Com prefácio de D. José Cordeiro, Bispo da Diocese Bragança-Miranda e também ele com raízes no concelho de Alfândega da Fé, o livro “D. José Joaquim de Azevedo e Moura – Alfandeguense e Arcebispo de Braga“ é composto por uma primeira parte em que se apresentam vários quadros sobre as origens familiares deste Arcebispo, uma segunda que relata os aspetos mais relevantes do seu percurso pessoal e eclesiástico e uma terceira com fontes documentais variadas, incluindo alguns dos textos eclesiásticos por ele escritos enquanto Bispo de Viseu e Arcebispo de Braga.

A apresentação do livro realiza-se no dia 29 de junho, às 18h00, na Igreja Matriz de Alfândega da Fé e conta com as presenças do autor, Francisco José Lopes, do Bispo da Diocese Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, e do Presidente da Câmara Municipal de Alfândega da Fé, Eduardo Tavares.

NOTAS SOBRE O ARCEBISPO D. JOSÉ JOAQUIM DE AZEVEDO E MOURA

D. José Joaquim de Azevedo e Moura nasceu em Alfândega da Fé, no dia 17 de outubro de 1794 e faleceu em Évora, no dia 27 de novembro de 1876.

Tendo seguido a carreira eclesiástica, frequentou o Seminário de Braga, onde lhe foi conferida a condição de Subdiácono em 1818. Nesse mesmo ano matriculou-se na Universidade de Coimbra e aqui viria a licenciar-se em Cânones, no ano de 1824.

Em Coimbra terá convivido com algumas das figuras que mais tarde se viriam a destacar na implantação do Liberalismo em Portugal, corrente política que seguiu durante toda a sua vida, tendo inclusive feito parte do 17º Governo da Monarquia Constitucional, em 1848, como Ministro dos Assuntos Eclesiásticos e da Justiça, cargo que, no entanto, ocuparia apenas por alguns dias, devido a uma das muitas remodelações governamentais dessa época.

O seu percurso eclesiástico inicia-se no ano de 1822, ainda antes de concluído o curso universitário, com a nomeação para Coadjutor do Deado de Évora. Em 1826 passou a Deão e em 1834 foi nomeado Vigário Capitular, cargo que não chegaria a exercer nesta data, por ter transitado para a presidência da Junta Governativa da Arquidiocese de Évora, criada pelo governo liberal de então.

D. José e Moura manteve-se em Évora até finais de 1845, ano em que foi nomeado Bispo de Viseu, tomando posse do novo cargo em julho de 1846. Governou esta diocese durante uma década e em 1855 foi nomeado para Arcebispo de Braga, confirmado pelo Papa Pio IX em junho do ano seguinte, iniciando o longo mandato de duas décadas.

A sua ação como Arcebispo de Braga foi sobretudo notória na reforma do Seminário e do próprio Clero, no apoio à fundação do Asilo da Infância Desvalida de Braga (1862), de que seria o primeiro presidente da direção, à consagração do Santuário do Bom Jesus de Braga e ao arranque do que viria a ser o Santuário do Sameiro, com a colocação da primeira pedra do monumento à Imaculada Conceição, cuja imagem foi por ele benzida em 1869.

Sendo um prelado assumidamente liberal, numa época em que o debate político entre defensores da monarquia constitucional e da monarquia absoluta era uma constante, seria também em Braga que viveu alguns momentos mais difíceis da sua governação, como as eleições de 1864, a questão da Encíclica Quanta cura e Sillabus anexo (1964-65) e ainda a questão do Casamento Civil levantada pelo primeiro Código Civil português, aprovado em 1867, cuja redação inicial foi de António Luís de Seabra e Sousa, político e magistrado, conhecido de D. José e Moura desde a Universidade de Coimbra e cuja carreira na magistratura se tinha iniciado precisamente em Alfândega da Fé, como Juiz de Fora.

A sua terra natal viria a reconhecer a importância do seu percurso eclesiástico apenas em 1900, ano em que a Câmara Municipal deliberou atribuir ao antigo Adro da Igreja a designação de Largo D. José de Azevedo e Moura, topónimo que ainda hoje se mantém.

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