Valorizar, preservar, divulgar e dinamizar, estes são verbos que presidem à realização da Festa da Montanha na Freguesia de Sambade. Daí que a vertente cultural esteja bem presente e que se pretenda fazer desta ponte para divulgar os usos, tradições e potencialidades da montanha. Foi isso que aconteceu durante a edição deste ano da Festa da Montanha . As lendas e tradições “associadas à Serra de Monte-Mel (Serra de Bornes) foram contadas durante a Festa da Montanha, com a realização de atividades cénico-performativas que contaram com o envolvimento da população local, do Grupo de Teatro de Alfândega da Fé sob a coordenação técnica da Filandorra-Teatro do Nordeste. Uma experiência de teatro comunitário, que pretende também envolver os locais no processo valorização e preservação da identidade local.
Foi apresentada a Alegoria ao Monte Mel: do nascimento até à eternidade, uma performance de rua que contou com a participação dos cinquenta elementos que compõem o Grupo de Teatro de Alfândega da Fé – TAFÉ, e que pretendeu relembrar a importância para as populações locais da Serra de Bornes, também conhecida por Monte-Mel. A partir de uma construção/visão cénica de forte componente ambiental, esta performance espelha o “nascimento” da montanha, da sua fauna e flora, com recurso à dramatização e a efeitos de fogo pelo Grupo Animamos.
Os visitantes da Festa da Montanha puderam também assistir a extratos da peça “Contas Nordestinas – O diabo veio ao enterro” de A.M. Pires Cabral, autor transmontano natural de Chacim, uma das aldeias do sopé da Serra de Bornes. A Companhia revisitou três contas (modo rural nordestino de dizer contos, histórias) que retratam memórias e usos da vida da montanha: “A Cardadeira Portuguesa”, “A filha do Moleiro” e “As Bruxas”. O conto de abertura do espetáculo teve em conta o facto da aldeia de Sambade ser outrora conhecida como a “Terra dos Cardadores”, pois muitos dos seus habitantes praticavam este ofício.
Este tipo de realizações culturais vai ao encontro da aposta municipal na animação e formação teatral entendendo esta artes performativas como traço importante no processo de formação, desenvolvimento e afirmação cultural.
Recorde-se que a Câmara Municipal, através do Protocolo de Cooperação que mantém com a Companhia Filandorra Teatro do Nordeste, já impulsionou e revitalizou a tradição de produção teatral no concelho, com a criação da Escola Municipal de Teatro donde emergiu o Grupo de Teatro de Alfândega da Fé – TAFÉ, sob a orientação pedagógica e artística da Filandorra.