Conta o povo que Frei João Hortelão, antes de ingressar num convento em Espanha, foi Pascoal, guardador de gado. Nascido em Valverde, foi trabalhar para Eucísia, posteriormente e para fugir aos maus tratos dos patrões foi viver para o Felgar. Conta-se que atravessa o rio sabor para assistir à missa, deixando o gado à volta do seu cajado e quando regressava o gado encontrava-se no mesmo local. O Patrão, tendo tomado conhecimento disso, proibiu-lhe a ida à missa e ordenou ao barqueiro que não o transportasse na barca. Tal não o impediu de atravessar o rio e continuar a sua missão, servindo-se para este efeito da capa que estendia sobre o rio ,fazendo as vezes de um barco. Diz-se que no local onde deixava o gado cresceu uma cornalheira de dimensões fora do vulgar, transformada em árvore frondosa, cuja folhagem se mantém verde durante todo o ano.
Frei João emigra para Espanha e entre num convento em Castela. Foi aí que foi batizado com o nome de Frei João Hortelão, uma vez que cuidava da horta, com tanto esmero e habilidade que até conseguia afastar os pássaros das sementes das hortaliças.
Mas o facto mais espantoso atribuído a esta figura mítica é a conceção da Cruz Processional de Valverde. Uma peça de ourivesaria religiosa de elevado valor e que, segundo reza a lenda, terá sido feita com pedacinhos de prata que ia guardando na ourivesaria onde trabalhava. A cruz foi trazida e oferecida á sua aldeia natal e ainda hoje aí existe.